Sunday 23 February 2014

Brasileira? Ih tô fora!



A maioria dos meus colegas de classe eram brasileiros, o que não facilitava muito o aprendizado de inglês, mas pelo menos eram mais pessoas pra dividir as primeiras impressões da vida Londrina.
Alguns eram legais e se tornaram amigos, outros além de me irritarem, me faziam sentir vergonha de ser brasileira. 
Quem mora fora sabe, existem vários brasileiros que fogem de outros brasileiros como o diabo foge da cruz, e eu já tinha ouvido alguns conselhos do tipo: - "Se você quiser aprender inglês tem que se afastar de brasileiros".
Acho um absurdo todo esse radicalismo, o fato de alguém ser brasileiro nunca foi motivo pra que eu me afastasse de ninguém, mas não posso negar que encontrei muitos brasileiros que me fizeram sentir vontade de me afastar mesmo!

Uma delas era uma colega de sala, do tipo que chegava quase a se benzer se um grupo de brasileiros passasse por ela na rua.

Ficava horrorizada também quando alguém contava, ou ela ficava sabendo, que ficou com um brasileiro na balada.
- “Que absurdo vir até UK pra ficar com brasileiros! Eu só fico com gringos!” ao que eu respondi, porque não tenho muito saco:
-  “Se for gatinho, não me interessa se é brasileiro, gringo ou seja lá o que for!” (A última notícia que tive da fulana é que ela casou com um Inglês, tomara que por amor né gente?!)
Infelizmente essa não foi a única declarada “Maria Passaporte” que eu conheci , existem muitos “João Passaporte” também.

Uma vez estava eu na balada quando um cara veio falar comigo, tinha cara de brasileiro e o sotaque não negava a proveniência do sujeito. Eu sou descendente de Italianos do norte, pele clara que fica ainda mais clara com a falta de sol Londrina, sou uma negação do estereotiópo de mulher brasileira, enfim. Esse sujeito veio falar comigo em inglês e eu respondi em inglês, claro! Ele ficou lá uns 10 minutos me alugando e eu ali, até que ele resolve perguntar:

- “Da onde você é?” Todo sorridente.

- “Sou do Brasil!” Sorri satisfeita.

- “Ah Brasileira!” Ele agora com um sorrisinho sem graça tentando fingir ter adorado a resposta.

Ele conversou comigo por mais um minuto e disse que ia comprar uma Pint ou ir no banheiro, algo do tipo, e sumiu! Final da noite vi o sujeito de novo, agora conversando com outra branquela e pensei: "Será que ele acertou o passaporte agora?!"