Toda
história de imigração existe porque existe um agente motivador. Esse agente
motivador pode ser o dinheiro a fome, um emprego, o desejo de aventura..etc...
existe uma infinidade deles. No meu caso foi o amor, ou melhor, a falta dele.
Foi depois
de levar o pé na bunda mais dolorido de minha vida. E tempos depois, o empurrão que
faltava - a perca do emprego.
Ir embora foi uma tentativa de fugir de alguém, mais
especificamente de um sentimento. Uma grande e profunda tristeza, alguém e um
fato que deixaram marcas tão profundas que sei, nunca irão se apagar. O tipo de
coisa que, quando você olha pra trás, vê aquilo BEM GRANDE escrito com caixa
alta na história da sua vida.
Foi
também uma tentativa de fugir da angustiante necessidade de crescer, virar um
adulto. E que lugar melhor do que Londres - cenário do Peter Pan?!
Estava fugindo para uma espécie de Terra do Nunca, um lugar para onde as crianças vão quando são obrigadas a crescer, um lugar seguro, longe das mentiras do mundo adulto. Onde não se sentiria tristeza e onde não teriam corações partidos, já que é a terra das emoções e eterna alegria. Costumo dizer que os meus 6 meses em Londres foram meus últimos meses de adolescência. É claro que não vejo nessa minha NECESSIDADE de ir embora só uma fuga, vejo também a aventura e o desejo do novo.
Estava fugindo para uma espécie de Terra do Nunca, um lugar para onde as crianças vão quando são obrigadas a crescer, um lugar seguro, longe das mentiras do mundo adulto. Onde não se sentiria tristeza e onde não teriam corações partidos, já que é a terra das emoções e eterna alegria. Costumo dizer que os meus 6 meses em Londres foram meus últimos meses de adolescência. É claro que não vejo nessa minha NECESSIDADE de ir embora só uma fuga, vejo também a aventura e o desejo do novo.
Foi assim
que em Junho de 2005, juntei os
caquinhos do que costumava ser meu coração e enfiei tudo em uma mala e fui
morar na Inglaterra.
Sempre tive
o sonho de viajar, quando era criança o desenho “Volta ao mundo em 80 dias” me
fazia suspirar e imaginar que um dia seria eu naquele balão. Adorava qualquer
tipo de viagem, mesmo as curtinhas como ir no mercado ou longas com ir pra
praia nas férias. Era a primeira a entrar no carro pra ir onde quer que fosse,
tanto que meu avô me deu o apelido de “zé gabina” (Cabine de caminhão sabe?!).
Depois na
adolescência veio a vontade de colocar uma mochila nas costas e explorar o
mundo, mas os anos passam, o mundo começa a cobrar mais responsabilidade,
terminar a escola, ir para a faculdade e depois, pra ajudar, veio o tal grande
amor. Nesse ponto eu achava que a idéia de viajar por ai iria ficar só
no sonho mesmo.
Pra ser bem
honesta, nunca sonhei em morar na Inglaterra, da qual a única impressão que
tinha até então, era o estereótipo clássico de um lugar escuro coberto em
neblina. Tinha planejado morar na França, Itália e Espanha, mas a Inglaterra
não estava na lista, mas vontade de viajar nunca me faltou.
Não posso
negar que, além de tudo, o gosto da aventura e esse sangue de imigrantes nas
veias não tenha ajudado bastante. Sou descendente de colonos italianos, que
fugindo da guerra, fome e miséria do norte da Itália embarcaram em um navio e
desembarcaram em terras brasileiras.
Uma
história da qual me orgulho plenamente e os admiro pela coragem, afinal pouco
se sabia sobre o Brasil e o que esperar quando chegar. Embora os mesmos não
tivesse muitas outras opções, a decisão de cruzar o oceano rumo ao desconhecido
necessita de muita coragem - ou muito desespero!
Glamurosa ou não, essa é a História dos meus bisavós e por consequência a minha. História essa que, até então, parecia coisa de novela, algo tão distante quanto a própria Itália, isso até que eu mesma me tornei uma imigrante e senti na pele o que essa palavra significa.
Glamurosa ou não, essa é a História dos meus bisavós e por consequência a minha. História essa que, até então, parecia coisa de novela, algo tão distante quanto a própria Itália, isso até que eu mesma me tornei uma imigrante e senti na pele o que essa palavra significa.

Ou seja, somos gregos que imigraram para a Itália e que depois imigraram para o Brasil e que foram para a Inglaterra, ou sabe-se lá aonde mais.
Deve
existir algum "gene imigratório" circulando em nosso sangue meio
cigano, que nos instiga a imigrar a cada não sei quantas gerações.
(Foto - Família Ioris, 1931)
(Foto - Família Ioris, 1931)
Meus
motivos para imigrar não foram assim tão grandiosos, meu coração estava em
pedacinhos e eu precisava colá-los de qualquer jeito e mudar minha vida.
Na verdade,
minha ida para a Inglaterra ainda não contava em minha mente como imigração,
afinal eu tinha um visto de estudante de seis meses e esperava que esse tempo
pudesse ser suficiente para curar o coração machucado e me sentir viva outra
vez. Assim, poderia voltar pra casa após esses meses, renovada e pronta pra
outra.
Pode
parecer estranho, mas sempre olho para minha vida como se ela fosse um livro,
onde é preciso adicionar capítulos interessantes, para que ele se torne
agradável e interessante para o leitor. E então, quando um capítulo longo e
intenso acabou, eu tinha que escrever outro...