Quando se é do Sul e de uma cidade pequena colonizada basicamente por imigrantes, ou filhos de imigrantes, você não se vê retratado nos meios de comunicação nacional e o que lhe é mostrado como “cultura brasileira” parece pouco com sua realidade.
É como se pertencêssemos a um país a parte, talvez por não se encaixar exatamente no que foi definido como “cultura brasileira”, talvez um isolamento voluntário ou ainda por um ressentimento do resto do país devido a Revolução Farroupilha. Quem sabe?
Com
exceção da família de meu avô materno, que são descendentes de Alemães e
Portugueses, o restante dos meus bisavós e tataravós são italianos. As famílias
tanto de minha avó materna quanto de minha vó paterna, tem histórias bem
similares. Agricultores do norte da Itália, não proprietários de terras, que
devido a pobreza e fome na Itália, não tiveram outra opção senão enfrentar os
“Trenta giorni di macchina a vapore” para ter uma vida melhor na América.
Talvez pela
vinda não escolhida e desejada acabaram
conservando tão bem sua cultura. Já a história da família do meu Avô Paterno
é uma mistura de lenda e realidade.
O sobrenome,
que acredita-se ser de origem grega, já dá um tom diferente a história.
Segundo a lenda da família, conta-se que somente um Ioris veio da Itália para o
Brasil. Ele teria ido ao Brasil mais pelo
gosto da aventura do que pela própria necessidade. Era um
sujeito atlético e conseguiu trabalho no navio, possivelmente como estivador.
Provavelmente só uma lenda de família.
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Família Ioris - Jores |
De acordo com um recenseamento realizado entre 1880 e 1884, que consta no livro "História de Caxias do Sul", página 317, a família "Jores" chegou ao Brasil no ano de 1877. O Domenico mencionado no documento é provavelmente meu Tataravô.