Tuesday 17 December 2013

Ah minha London...

Eu e os meninos na minha
primeira visita ao Big Ben
No meu terceiro dia em Londres, os meninos me levaram conhecer o centro e Westminster. Pegamos um ônibus, o 188 que nos levaria a Elephant and Castle, onde pegariamos o 12 até o Big Ben. (Ai, e que coisinhas fofas são os onibus Londrinos.)
É óbvio que subimos para o segundo andar e sentamos nos bancos da frente, aqueles grudados no vidro.
Da janela do ônibus fui conhecendo os arredores de onde eu morava, quando chegamos a Elephant and Castle, procurei pelo Elefante e o Castelo mas não vi nada.
 
Tudo era tão lindo, mágico mesmo, uma sensação de estar em casa em um lugar até então desconhecido, fato que nunca tinha acontecido antes de uma maneira tão intensa.
Quando pegamos o 12, o Rafael resolveu brincar com minha ansiedade e a cada 5 minutos dizia: "Olha o Big Ben!"
Eu estava em Londres, mas a ficha não caia, tinha a impressão de estar em um sonho, e ficava repetindo aquilo sem parar, pra alegria do meu querido irmão .

Nunca vou me esquecer a primeira vez que vi o Big Ben, passamos na frente com o ônibus e eu parecia uma doida me abaixando pra ver se eu conseguia enxergá-lo melhor. O imaginava grande e alto, mas ao vivo achei tão pequenininho embora não menos charmoso e encantador. Estar diante daquele simbolo Londrino, o qual já tinha visto em tantas fotos, foi uma emoção à parte.
Foi só quando vi o Big Ben de perto que finalmente pensei: “Agora sim, estou em Londres!!!”

Londres é uma paixão tão grande quanto qualquer paixão romântica. Muito mais do que uma simples cidade. Londres é quase como uma pessoa que se ama, da qual se sente falta quando se está longe.

Talvez esse sentimento tenha nascido do fato de esta cidade tão especial, ter me ajudado a colar os caquinhos, e ter vontade de viver novamente. Lhe tenho uma gratidão eterna! Londres me fez sentir viva e feliz novamente, me devolveu o sorriso que eu costumava ter, e me fez ter fé no futuro.
 
Londres é um lugar que sempre me faz sorrir, não importa o que aconteça. Eu só preciso caminhar um pouco na beira do Tâmisa pra me sentir feliz e recarregar as baterias. Mesmo os mais manjados pontos dessa cidade tão fotografada, não cansam de me fascinar. Vivi em Londres os meses mais felizes e independentes da minha vida, vivendo em plenitude cada segundo. E cada novo dia agradecia por estar viva - no real sentido da palavra - e  vivendo naquele lugar.

Londres é o meu lugar no mundo, a minha cidade, o lugar onde me sinto mais EU. Vinda de uma cidade pequena do interior do Paraná, onde todos sabem da vida de todo mundo, e onde é necessario seguir um certo padrão de comportamento, o anonimato e despojamento de Londres foram libertadores pra mim. Em Londres fui apresentada a uma Sheila mais forte, segura e muito mais independente do que a que vivia em Pato Branco (e Curitiba).
 
Gosto muito de estar cercada de gente, de barulho, adorava quando tinhamos visita e a casa ficava cheia. Como descendente de Italianos que sou, não poderia ser muito diferente disso. Londres é uma cidade pra quem gosta de pessoas, que apesar do clima frio, convida ao encontro.

Londres nunca me fez sentir sozinha, embora eu tenha ficado muito sozinha nos primeiros meses. Gostava de sentar nos muros que ficavam na saida do metro de Oxford Street, e fazer "people watching". Você vê cada figura! Na maioria das vezes eu ficava ali imaginando o que as pessoas faziam, onde estavam indo, de onde eram. Gostava de escutar as pessoas conversando no ônibus, é fascinante a quantidade de línguas que se escuta nas ruas.
 
Londres pra mim tem um cheiro específico, na época não sabia exatamente que cheiro era aquele, descobri mais tarde que (pra mim) Londres tem cheiro de Curry! Como nunca tinha comido Curry antes de ir morar lá, aquele cheio peculiar nas ruas só podia ser o cheiro de Londres!
Até hoje quando passo em frente a um restaurante Indiano a primeira coisa que penso é: "Ahhh.. o cheiro de Londres!"
Gosto também do cheiro do tube, uma mistura de óleo de máquina, café, jornal e poeira. Eu sei, é estranho, mas minha memória olfativa é poderosa e quando ela relaciona cheiros com coisas que eu gosto, não tem o que me faça esquecê-los!
 
O que eu mais gosto de fazer em Londres? Caminhar! Mas não caminhar com um destino em mente, somente caminhar. Não tem nada melhor do que se deixar perder em Londres. Melhor ainda se tiver uma companhia para a caminhada.
Londres é cheia de pequenas surpresas e detalhes, você está andando, olha pra uma casa e vê que nela morava Mahatma Gandhi. Vê um pedaço de muro  antigo e mal acabado e percebe que está diante do "Great Wall", que foi construido pelos Romanos pra defender "Londinium". Entra em uma das várias vielas e dá de cara com o Barbican Estate, que possui "um oasis" no meio da cidade. Tenho certeza que posso morar 50 anos em Londres, sair na rua e encontrar algo fascinante que não conhecia. Pra quem ama história como eu, Londres é um parque infinito de diversões.
 
Adoro o Tâmisa, sentar ou passear as suas margens sempre me acalma, perdi as contas de quantas vezes chorei e me consolei na beira do rio. Talvez por gostar tanto do Tâmisa, uma das minhas caminhadas favoritas é o "Queen's Walk" que fica localizado no "South Bank" entre Lambeth Bridge e a Tower Bridge.
Nesse caminho é possível ver o Big Ben e as casas do Parlamento, London Eye, Queen's Jubilee Footbridge, o Tate Modern, a replica do Shakespeare's Globe Theatre, London Millennium Footbridge, St. Paul's Cathedral, etc.
Perto de London Bridge fica uma das minhas partes favoritas, as vielas onde fica a "The Clink prison", elas me fazem voltar no tempo e imaginar como Londres costumava ser.
 
Não vou nunca entender como alguem pode não gostar de Londres. Respeito a opinião dos outros, mas entender eu não consigo, não preciso e não quero!
 
Se tivesse que escolher uma só cidade, não teria nenhuma dúvida quanto a minha escolha, afinal não existe lugar como Londres. Não existe lugar que me desperte tanto amor.
Se tivesse perdido tudo e todos, saber que Londres estaria lá me traria conforto e a sensação de que eu teria pra onde ir. Deus queira que nessa vida e nas que estão por vir, que eu caminhe as margens do Tâmisa novamente.

Quarta-Feira (18) embarco mais uma vez pra essa lindíssima cidade. Chegar em Londres é como chegar em casa depois de uma longa e cansativa viagem, tão familiar é o lugar. Londres faz vibrar os mais profundos refolhos de minha alma, que fica como que querendo relembrar coisas que se passaram a muito tempo. Talvez eu tenha feito um acordo com as reencarnações – “Reencarno sim, mas somente se eu puder morar ou pelo menos pisar em Londres denovo.”
Nunca quis ser aquela pessoa que um dia morou em Londres e foi embora, se pudesse moraria lá pra todo o sempre. (Amém!)