Se despedir não foi a tarefa mais fácil, afinal iria sair do país, morar num lugar desconhecido, com hábitos diferentes e onde a língua oficial não é o Português. Mas o consolo era que em seis meses eu estaria de volta e se Deus me ajudasse, sem aquele sorriso triste dos últimos tempos.
Alguns
amigos me diziam que gostariam de ter minha coragem , na verdade eu não tinha
coragem, tinha medo, mais ainda.. pavor de ser infeliz. Estava indo pra
Inglaterra pra fugir da infelicidade, a possibilidade e o sonho de ser feliz é
a maior motivação que pode existir. Meu avô costumava dizer que na vida “Cavalo
encilhado não passa duas vezes” e eu tinha certeza que Londres era o meu cavalo
encilhado!
Até então
eu estava tranquila, a ficha - de que eu estava deixando o país para ir morar
em um lugar estranho – ainda não tinha caído. Sai de Pato
Branco chorando, mas no voo entre Curitiba e Rio de Janeiro estava tranquila.
No avião para Paris sentei ao lado de um casal de Ingleses que pareciam simpáticos. Ambos de meia idade, com uma pele linda de dar inveja e um ar inteligente. Tentei ler o que estava escrito na pasta que carregavam e só consegui ver a palavra congresso. Quanto mais eles falavam entre eles, mais angustiada eu ficava. Grudei a cara na janelinha do avião, o dia no Rio de Janeiro estava lindo e ensolarado, o cenário emoldurado pela janelinha parecia um quadro.
No avião para Paris sentei ao lado de um casal de Ingleses que pareciam simpáticos. Ambos de meia idade, com uma pele linda de dar inveja e um ar inteligente. Tentei ler o que estava escrito na pasta que carregavam e só consegui ver a palavra congresso. Quanto mais eles falavam entre eles, mais angustiada eu ficava. Grudei a cara na janelinha do avião, o dia no Rio de Janeiro estava lindo e ensolarado, o cenário emoldurado pela janelinha parecia um quadro.
Quando o
avião começou a se mover senti que o nozinho na garganta começou a apertar,
enquanto isso os Ingleses do meu lado não paravam de falar. O sotaque tão
difícil e eu não tinha a menor ideia sobre oque eles estavam falando, parecia
que faziam de propósito falar daquele jeito pra me irritar. Não eh assim que as
pessoas falavam nas aulas de Inglês!
Minha
cabeça foi a mil, e eu só conseguia pensar “Meu Deus o que é que eu estou
fazendo?” e aqueles Ingleses falando só me deixavam ainda mais nervosa. “Como
é que eu vou morar na Inglaterra se não consigo entender o que esse povo fala?
Ahh”
Quando o
avião decolou eu já nem ouvia mais o casal de Ingleses, meus
pensamentos gritavam e a ficha caiu em dois segundos – “Meu Deus eu estou
deixando o meu País!” – e o choro, que eu guardei para fazer o papel de durona e
corajosa, veio a tona. E eu comecei a soluçar alto!
Foi então
que descobri que o estereótipo dos Ingleses frios e antipáticos era só mais um
estereótipo, tão falso quanto minha pose de corajosa. Eles foram extremamente
simpáticos e fizeram de tudo pra me consolar, até pediram pra aeromoça me
trazer uma agua ou um chá – “What do you prefer my dear?”
Pratiquei
inglês a viagem inteira e sem perceber pratiquei também a entrevista para a
imigração porque eles me fizeram milhões de perguntas. Durante a viagem comecei
a mudar minha idéia sobre os Ingleses e sobre o sotaque deles, que fica mais
bonito a medida que você escuta.
Quando
chegamos a Paris, me convidaram para ficar com eles e tomar um chá, afinal
estávamos no mesmo vôo para Londres. E essa foi a minha sorte, porque eu não
fazia a menor idéia de pra que lado ir naquele aeroporto enorme.
Eu já
tinha estudado o mapinha do aeroporto, afinal estava viajando sozinha e não podia
me dar ao luxo de me perder, mas ao vivo o Charles de Gaulle é tão grande que você tem a impressão
de que te deram o mapa errado.
No meio
daquela imensidão e com meus anjos da guarda Ingleses, eu tinha me esquecido um
pouco do fantasma da imigração e quando chegamos a Londres eu já tinha o
endereço e telefones dos meus mais novos amigos Ingleses. Até hoje agradeço
muito a Sharon e ao Andrew por essa ótima e duradoura primeira impressão sobre
o povo Inglês.